O uso da Cannabis medicinal pode ajudar a melhorar a qualidade de vida na terceira idade. Afinal, pessoas sem dor, com bom humor, que conseguem dormir e ter apetite, que podem confiar em sua memória e processos cognitivos, vivem mais e melhor.
Em primeiro lugar, a terapia canabinóide é uma boa alternativa para pacientes refratários aos tratamentos convencionais, ou seja, onde mesmo utilizando os medicamentos preconizados, não há melhora do quadro.
Como a terapia canabinóide consegue contemplar várias queixas, o uso de inúmeros remédios, ou polifarmácia, diminui. Isso é muito importante, pois o organismo do idoso tem processos metabólicos mais lentos e a interação medicamentosa pode causar prejuízos ao longo do tempo. Já está comprovado que o uso concomitante da Cannabis medicinal em tratamentos convencionais consegue diminuir a quantidade e até o número de remédios prescritos.
Quem envelhece quer manter sua saúde, autonomia, alegria de viver e a terapia canabinóide pode auxiliar. Confira neste artigo algumas sintomatologias, patologias e comorbidades onde a prescrição da Cannabis Medicinal pode melhorar a qualidade de vida do paciente idoso.
Dor crônica
A Cannabis medicinal pode ser útil no tratamento da dor crônica, presente em inúmeros quadros que acompanham o processo de envelhecimento.
Estudos indicam que os compostos da planta podem atuar nos receptores de dor no sistema nervoso central, aliviando sintomas em condições como artrite, dores neuropáticas, fibromialgia, dores associadas a doenças degenerativas e terminais, bem como dores associadas a espasticidade e movimentos involuntários.
Distúrbios do sono
A dificuldade para dormir, o sono entrecortado, dificuldade de retomar o sono, sem proporcionar o repouso e renovação de energia necessários, bem como a dificuldade de se manter acordado, são classificados como distúrbios do sono.
Na maior parte das vezes o distúrbio do sono é uma comorbidade que acompanha não só o processo de envelhecimento, pela alteração da produção de serotonina, como também quadros de doenças crônicas.
Isso acontece tanto pelo estresse emocional de conviver com a dor, tornar-se dependente de outras pessoas, quanto pelas peculiaridades de certas doenças, com movimentos involuntários, dificuldades respiratórias e a dor contínua, por exemplo.
A Cannabis medicinal ajuda a regular o ciclo do sono e também a diminuir processos dolorosos e o estresse mental que originaram estes distúrbios. A abordagem multidisciplinar, orientação sobre higiene do sono e até o uso de técnicas integrativas, como meditação, fazem parte de um bom tratamento.
Ansiedade e depressão
A depressão em idosos pode apresentar sintomas diferentes dos mais jovens. Irritabilidade, agressividade em excesso e até uma apatia contínua, sem ver “graça em nada”, fazem parte do quadro.
É importante saber que ansiedade e depressão são comuns na terceira idade, mesmo em pessoas com uma vida ativa, alimentação saudável e sem presença de patologias crônicas.
Isso acontece porque o Sistema Endocanabinóide também envelhece e produz naturalmente menos substâncias endocanabinóides, podendo afetar, portanto, o humor e disposição do idoso.
A Cannabis medicinal pode ajudar a normalizar o funcionamento do Sistema Endocanabinóide, melhorando quadros depressivos e ansiosos, e, consequentemente, a qualidade de vida do idoso.
Mal de Alzheimer e outras demências senis
Este transtorno neurodegenerativo é progressivo, afeta as funções cognitivas, entre elas a memória, comprometendo a independência do paciente em suas tarefas cotidianas, perdendo a conexão com familiares e deteriorando, pouco a pouco, também as capacidades físicas.
O cuidado da família, recursos como utilizar música, dança e outras atividades que tenham um significado afetivo auxiliam o paciente com Alzheimer a não se desconectar totalmente do ambiente familiar pela perda de memória. Citando a dra. Ana Beatriz Barbosa, “não importa se a pessoa lembra seu nome ou não, mas ela nunca vai deixar de lembrar o carinho e o amor que você olhava para ela”.
Até o momento, existem dois tipos de medicamentos aprovados para o tratamento do Mal de Alzheimer, – inibidores da acetilcolinesterase e N – metil – D bloqueadores de -aspartato. mas somente como paliativos, pois não curam a doença, e somente em alguns casos conseguem retardá-la, além de causarem efeitos colaterais que dificultam a adesão ao tratamento. E é nestes casos que a Cannabis Medicinal é tão importante como alternativa terapêutica.
No Paraná, pesquisadores da Universidade Federal da Integração Latino Americana (Unila) conseguiram mostrar em um estudo padrão ouro que o uso de Cannabis medicinal em um paciente com Mal de Alzheimer em estágio inicial (Delci Ruver, de Foz do Iguaçu), foi eficiente tanto para impedir a progressão da doença como para reverter perdas que o idoso já vinha apresentando.
Esta melhora foi tão significativa que sugere uma reversão da doença, pois o paciente retomou a autonomia e voltou a reconhecer as pessoas ao seu redor. Atualmente o estudo está sendo continuado com um número maior de pacientes.
Estes resultados mostram que os efeitos neuroprotetores e de neurogênese da Cannabis medicinal podem ajudar também em outros processos de demência senil, por reverter e proteger o cérebro dos processos oxidativos inerentes ao envelhecimento.
AVCs e outros quadros com espasmos musculares involuntários
Acidente Vascular Cerebral ou trauma crânio encefálico seguidos de espasticidade, Mal de Parkinson, síndrome de Tourette, Esclerose Múltipla, Esclerose lateral amiotrófica, são algumas doenças que apresentam espasmos musculares involuntários em que a Cannabis medicinal pode auxiliar no tratamento.
Estes movimentos involuntários afetam os pacientes em diversos níveis, causando:
- dor, devido às contrações musculares,
- dificuldade ou impossibilidade de execução de tarefas diárias, de trabalho ou de lazer;
- comprometimento emocional, por sentir-se dependente dos outros, levando à quadros de ansiedade e depressão.
- distúrbios do sono;
- afastamento social.
A terapia canabinóide pode ajudar na diminuição dos movimentos involuntários, na diminuição da dor e na neurogênese no Sistema Nervoso. Em casos de AVC e traumatismo craniano, o paciente pode ter uma melhor e mais rápida recuperação dos movimentos. Em patologias neuro-degenerativas, como Parkinson e Esclerose múltipla e amiotrófica, a evolução da doença desacelera.
Fibromialgia, artrite e outras doenças inflamatórias
Patologias tão diferentes quanto a fibromialgia, Síndrome do Intestino Irritável, artrite e lúpus, só para citar algumas, são doenças autoimunes que apresentam quadros inflamatórios importantes.
O tratamento convencional com supressores do sistema imunológico, anti-inflamatórios potentes e analgésicos, além de inúmeros efeitos colaterais, muitas vezes não surtem o efeito desejado.
A Cannabis medicinal possui propriedades anti-inflamatórias bem conhecidas e documentadas, sendo utilizadas hoje também para acelerar a recuperação de atletas profissionais lesionados e em dores neuropáticas – como neuropatia diabética e por compressão de nervos – , com ótimos resultados.
Além disso, os canabinóides conseguem modular o funcionamento do Sistema Imunológico, que, no caso das patologias autoimunes, está em desequilíbrio, já que os leucócitos atacam tecidos do próprio corpo.
Com o uso da terapia canabinóide, idosos acometidos por doenças inflamatórias, auto-imunes ou não, conseguem melhorar sua qualidade de vida ao ter a redução ou extinção do processo inflamatório e, consequentemente, da dor e todas as comorbidades que a acompanham.
Controle da glicose
As alterações no nível de glicose não causam somente o diabetes, mas também suas comorbidades – doenças cardiovasculares, risco de AVC, alterações vasculares periféricas (que podem levar a necrose das extremidades), cegueira e dor neuropática.
Sabe-se que o aumento da glicose traz uma série de problemas:
- alteração do metabolismo, causando aumento de apetite junto com emagrecimento sem causa aparente, sede excessiva, mas com ressecamento de pele;
- mau funcionamento do Sistema imunológico, com aumento de infecções como micoses, candidíase etc.
- problemas cardiovasculares e renais;
- processos inflamatórios e dores neuropáticas.
A Cannabis medicinal consegue fazer o controle do nível de glicose no sangue e portanto contribuir para a prevenção da piora do quadro diabético de diversas maneiras, como vimos anteriormente.
Melhora geral na qualidade de vida
O envelhecimento, sabe-se hoje, é causado pelo processo oxidativo que acontece nas células. Toda a tecnologia aplicada à medicina nos permite viver mais e melhor, ao conhecermos o funcionamento celular e também como acontecem as interações químicas entre medicamentos e o organismo humano.
A Cannabis medicinal e seus fitocanabinóides combatem o processo oxidativo celular e por isso tem tantas qualidades terapêuticas benéficas para a terceira idade. A qualidade de vida nesse momento é feita de uma série de fatores: preservar as capacidades físicas e cognitivas, manter os relacionamentos sociais e o prazer de viver.
Se você quer saber como iniciar o tratamento com Cannabis medicinal fale com nossa equipe de acolhimento pelo whatsapp.
Ana Claudia Marques é redatora da CBD Fast Lane, escritora, Terapeuta Ocupacional, pós-graduada em Medicina Tradicional Chinesa e terapias integrativas, além de estudiosa sobre o potencial terapêutico das plantas.