A Cannabis Medicinal tem tudo para se tornar uma aliada para o prazer feminino. E isto não é novidade. O uso da Cannabis para melhorar o prazer sexual está documentado desde a antiguidade, em textos da medicina ayurvédica, medicina chinesa e do Tantra, como foi citado, por exemplo, num artigo de revisão na BioMed Research International. Mas não para por aí: o uso da planta era indicado para dores no parto, cólicas e desconforto pélvico.
Os fitocanabinóides da Cannabis interagem com nosso organismo, através de receptores canabinóides, estimulando o bom funcionamento do Sistema Endocanabinóide. Este é responsável por controlar liberação de hormônios, neurormônios, enzimas, regulando ciclos vitais – como sono, fome e período de vida de cada célula -, além do humor, o sistema imunológico, quadros inflamatórios, dor, recuperação de tecidos e até a libido.
Compreenda como ocorre o prazer feminino e como a Cannabis Medicinal é uma aliada da mulher para se sentir bem e desfrutar tudo que merece.
Prazer feminino
O prazer feminino depende de uma série de fatores, que vão além dos hormônios. Estar à vontade com um parceiro, estar à vontade com seu corpo e sua própria sexualidade são, na maior parte das vezes, os fatores que “abrem alas” para a mulher desfrutar do prazer no momento à dois.
Ainda hoje, em pleno século XXI, é preciso educar homens e mulheres para entenderem as diferenças entre o que ocorre no corpo e no cérebro dos dois. Enquanto, para o homem, o prazer com a penetração normalmente é o suficiente (e pode ser resolvido em minutos, com ou sem intimidade com a parceira), para a mulher é diferente.
Primeiro porque muitas mulheres aprenderam desde cedo que sexo precisa ser vinculado ao amor e buscar somente o prazer é errado. Se tiveram educação repressora, conhecer o próprio corpo, se tocar e informar a um parceiro quando e onde é prazeroso também é um tabu a ser enfrentado.
Caso a mulher tenha vivenciado abuso sexual em algum grau, podemos somar o sentimento de se sentir culpada por vivenciar o prazer ou até mesmo por despertar o desejo em alguém.
Dá para perceber que não é algo simplesmente fisiológico e todos estes fatores precisam ser levados em consideração quando falamos em prazer feminino.
Estatísticas sobre o prazer
65% das mulheres não chegam a um orgasmo. Este foi o número captado numa pesquisa com mulheres brasileiras, de todos os estados brasileiros, entre 18 e 60 anos, realizada pela Prazerela, uma escola que tem como missão empoderar as mulheres. Os motivos de não se chegar a um orgasmo são inúmeros: sentir dor durante a penetração ou simplesmente não conseguir se entregar aquele momento de prazer são dois motivos bastante comuns.
Muitas vezes esses e outros fatores não são causados por algum problema ou patologia físicos, mas por experiências negativas que esta mulher vivenciou e/ou como aprendeu o que é “sexo” ao longo da vida. Se tem um parceiro fixo, pode estar acontecendo devido a uma desconexão emocional com ele, seja pela falta de atenção, carinho ou mesmo a perda de confiança. Ou seja, o prazer começa na mente e não no corpo.
Outro dado importante é que, dos 36% das mulheres que responderam que chegam ao orgasmo nesta pesquisa, somente 16% sente prazer com a penetração. E isto é fácil de ser explicado: a região interna da vagina possui pouca inervação – vamos falar disso daqui a pouco.
Por isso é importante que as mulheres conheçam as zonas erógenas de seu corpo e comuniquem ao parceiro onde sentem prazer. A mesma pesquisa mostrou que, das mulheres que chegam ao orgasmo, 27% diz ser quando o parceiro faz sexo oral, 22% quando são tocadas no clitóris e 10% quando são estimuladas na vulva.
Faz todo o sentido, quando compreendemos quais são as zonas erógenas na mulher.
Zonas erógenas na mulher
Zonas erógenas são aquelas que produzem prazer ao serem tocadas. O corpo todo pode ser sensível ao toque, pois a pele possui terminações nervosas em toda a sua extensão. Mas vamos aqui nos concentrar nas zonas erógenas existentes no aparelho reprodutor feminino.
O clítoris possui mais de 10 mil terminações nervosas e corresponde ao pênis no homem. Quando excitado aumenta de tamanho, pois os corpos cavernosos se enchem de sangue (igual ao pênis).
A vulva também é bastante inervada, anterior e posteriormente, com sensibilidade ao toque e temperatura, e também com inervação parassimpática – importante para a ereção do clítoris e para ativar as glândulas de Bartholin, localizadas no terço interior dos grandes lábios. Elas são responsáveis por produzir um fluido mucoso, que serve para lubrificar e umidificar a vulva, preparando para a relação sexual.
A vagina só possui inervação sensível ao toque e temperatura na sua parte mais inferior e na maior parte, interna, só possui inervação visceral (sem sensibilidade para toque e temperatura).
Com estas informações é fácil perceber que o prazer feminino não está centrado na penetração, mas na estimulação das zonas com mais terminações nervosas: clítoris e vulva. A penetração só será prazerosa se as preliminares forem bem feitas, e a lubrificação do canal vaginal acontecer.
Mas existe outro fator a ser considerado: como está a mente desta mulher?
Tensão não dá prazer
Todo este processo fisiológico do prazer, para funcionar como uma orquestra afinada, precisa de um “maestro” relaxado e concentrado: a mente.
Se a mulher vive sob stress diário, cansaço físico e mental, sofre com ansiedade, depressão ou tem dor; se, somado a isso, ainda carrega traumas por abuso sexual ou uma imagem negativa sobre sua própria sexualidade… a mente não relaxa, a libido está rebaixada e o corpo não corresponde ao prazer, porque também está tenso.
Resultado? O momento de prazer se torna momento de dor, e a antecipação do momento de prazer, se transforma em medo e tensão.
Dor na relação pode ser transtorno sexual
Sentir dor na relação é considerado um transtorno sexual, e como já falamos por aqui, tem origem em problemas biológicos, psicológicos e sociais. Mulheres em períodos como o pós-parto, a menopausa e o climatério podem ter maior desconforto ou outras queixas devido à oscilação hormonal, que levam a diminuição ou perda da libido, falta de lubrificação interna natural, predisposição à infecções etc.
Vítimas de violência sexual ou com traumas relacionados à própria sexualidade também têm maiores chances de vivenciar dificuldades para retomarem ou iniciarem uma vida sexual saudável.
Não estamos falando aqui de mulheres que possuem algum quadro clínico, como a endometriose, por exemplo. Neste caso o processo inflamatório e outros fatores são a causa para a mulher sentir dor durante a relação sexual.
São três os tipos de transtornos sexuais femininos que podem causar dor.
Dispareunia
Dor genital, manifestada durante ou após o ato sexual, devido a contração involuntária da vagina, impedindo a penetração. Pode acontecer em qualquer fase da vida. Possíveis causas: uso de medicamentos antidepressivos, tensão prévia (primeira relação, por exemplo), educação rígida ou abusos anteriores.
Vaginismo
É a contração involuntária (espasmo) da musculatura ao redor da vagina. Causa dor, dificuldade e/ou impossibilidade de manter a relação sexual. A causa não é física, mas psicológica, devido, novamente, a educação rígida ou religiosa (valorização da virgindade) e/ou ter sofrido traumas e abusos.
Fobia
Pelos mesmos motivos anteriores, a mulher pode desenvolver pânico e repulsa diante de quaisquer iniciativas que levem a uma relação sexual.
Como a Cannabis Medicinal ajuda a devolver o prazer feminino?
Um dos motivos da Cannabis medicinal atuar positivamente na saúde sexual feminina é que ela ativa os receptores canabinóides e induz a produção de dopamina, um neuro hormônio responsável pelo comportamento sexual e por aumentar a libido.
A Cannabis medicinal impacta no prazer feminino de várias formas:
- ajuda a relaxar;
- estimula a lubrificação íntima natural,
- diminui o desconforto sexual e até mesmo a dor na hora da relação;
- melhora o sistema imunológico, ajudando a controlar a candidíase.
- Modula o stress e a ansiedade;
- melhora os sintomas na TPM, como cólica menstrual e enxaqueca;
- melhora os sintomas na menopausa, como fogachos e perda de libido;
- ajuda no tratamento da endometriose.
Em mulheres com endometriose, além de interromper a evolução da doença, diminui a inflamação e a dor referida pelas pacientes, ajudando a retomarem uma vida sexual ativa e satisfatória.
Hoje existem não só os óleos (que podem ser ingeridos ou vaporizados), que ajudam com o stress, ansiedade e tensão, mas também cremes e gel lubrificante que prometem aguçar os sentidos e enriquecer o prazer sexual.
O CBD – canabidiol, um dos fitocanabinóides presentes na planta – ajuda na desinibição, relaxamento, aumento da sensibilidade e produz uma sensação de bem-estar. Isso contribui para que o momento a dois fique muito melhor.
Variações hormonais e Cannabis Medicinal
Devido às variações hormonais constantes no organismo feminino, as mulheres estão naturalmente mais propensas a sofrerem, em algum momento da vida, com problemas de ansiedade, depressão, doenças autoimunes, quadros inflamatórios (como artrite, por exemplo) e dores neuropáticas.
Felizmente a Cannabis medicinal pode ajudar na saúde feminina em todos estes problemas. Seus fitocanabinóides, terpenos e flavonóides, atuam regulando o funcionamento do Sistema Endocanabinóide, que modula, entre outras coisas, a expressão dos hormônios em nosso organismo, como é o caso da serotonina, para melhorar o humor e combater a depressão.
A Cannabis Medicinal também possui efeito antiinflamatório, analgésico e modulador do sistema imunológico, sendo eficaz como adjuvante em tratamentos de dores crônicas, dor neuropática e também doenças autoimunes.
E, claro, consegue aliviar os sintomas da TPM, como alterações de humor, cólicas e náuseas, proporcionando mais qualidade de vida e disposição para uma vida sexual ativa e prazerosa.
O que diz a ciência?
A ciência só comprova o que a sabedoria milenar já sabe. Uma pesquisa publicada em Oxford, de 2020, entrevistou 452 mulheres adultas, que usavam maconha, para estudar a relação entre a saúde sexual feminina e o uso da Cannabis.
Aquelas que faziam uso 6 dias por semana eram mais sexualmente ativas, além de relatarem mais prazer sexual, libido e orgasmos. Os pesquisadores concluíram também que a forma de consumo não influenciava nos resultados.
Outro estudo publicado no The Journal Of Sexual Medicine, mostrou que 74,3% dos participantes tiveram aumento da sensibilidade ao toque e 65,7% reportaram um aumento na intensidade dos orgasmos com o uso da cannabis medicinal.
Sistema Endocanabinóide e função sexual
A Cannabis Medicinal atua regulando o Sistema Endocanabinóide que, por inúmeros motivos – como stress contínuo, estímulos nocivos, má alimentação – não está funcionando adequadamente. Diversos estudos recentes já fazem a conexão entre a sexualidade feminina e um Sistema Endocanabinóide saudável.
Vale reproduzir aqui um trecho do artigo Sexo e Cannabis, do Project CBD:
“Existe uma certa sobreposição entre o Sistema Endocanabinóide e a fisiologia da função sexual. Para começar, os receptores canabinóides estão localizados em órgãos que produzem hormônios sexuais, bem como nos próprios órgãos reprodutivos. Os receptores canabinóides também estão presentes nos terminais axônicos dos neurônios dopaminérgicos e serotoninérgicos, que desempenham um papel importante na função sexual e interagem com a testosterona, estrogênio e ocitocina para modular a resposta sexual. O Sistema Endocanabinóide influencia o fluxo e refluxo de vários hormônios e neurotransmissores.”
Um último estudo, de 2012, vale ser citado. Seu resultado foi publicado no Journal of Sexual Medicine. Entre outros fatores, os autores mediram as concentrações séricas dos endocanabinóides 2- AG e Anandamida (os próprios compostos semelhantes à maconha do cérebro) em 21 mulheres saudáveis antes e depois de assistirem a estímulos de filmes neutros e eróticos.
Os resultados apoiaram a hipótese de que o Sistema Endocanabinóide está envolvido no funcionamento sexual feminino da seguinte forma: quando a excitação feminina aumentou, registraram reduções no nível de Anandamida e de 2-AG.
Outro estudo alemão, randomizado simples-cego, de 2017, publicado no Journal of Sexual Medicine, mostrou que, após chegar ao clímax, é liberada uma grande quantidade de 2- AG e que este endocanabinóide “pode desempenhar um papel nas consequências gratificantes da excitação sexual e do orgasmo.”
A Cannabis Medicinal, como pode-se perceber, realmente é uma grande aliada do prazer feminino. Para saber como iniciar um tratamento com a terapia canabinóide, fale com nosso Suporte.
Ana Claudia Marques é redatora da CBD Fast Lane, escritora, Terapeuta Ocupacional, pós-graduada em Medicina Tradicional Chinesa e terapias integrativas, além de estudiosa sobre o potencial terapêutico das plantas.