A Cannabis Medicinal vem se mostrando promissora no tratamento do Mal de Alzheimer. Com suas propriedades neuroprotetoras, anti-inflamatórias e de neurogênese, o uso da terapia canabinóide consegue não só impedir o avanço da degeneração neuronal, como também reverter perdas.
O Mal de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, que prevalece em idosos, acima dos 65 anos. Com o aumento da expectativa de vida, o número de casos vem aumentando nos últimos anos e é importante que esteja disponível o tratamento para esses pacientes, pois a qualidade de vida e manutenção do estado de saúde destes afeta diretamente seus familiares, que normalmente tornam-se seus cuidadores.
A idade não deve ser um fator impeditivo para manter a autonomia, mas um idoso com Alzheimer torna-se gradualmente mais e mais dependente de seus cuidadores. Por isso, oferecer uma terapia que mude esse prognóstico é fundamental.
Até o momento, existem dois tipos de medicamentos aprovados para o tratamento do Mal de Alzheimer, – inibidores da acetilcolinesterase e N – metil – D bloqueadores de -aspartato. mas somente como paliativos, pois não curam a doença, e somente em alguns casos conseguem retardá-la. Além disso, os efeitos colaterais, como cefaléia, vertigens, constipação, entre outros, somado aos poucos resultados, fazem os pacientes abandonarem o tratamento.
Em artigo para a Revista Brasileira de Neurologia, os autores comentam sobre medicamentos utilizados hoje e seus efeitos colaterais:
“ Entre as drogas aprovadas, os inibidores da acetilcolinesterase, como o Donepezil (Eranz®) são as mais usadas, embora apresentem efeito terapêutico em no máximo 20% dos pacientes com Alzheimer. Essa classe apresenta como efeitos adversos náusea, diarreia, vômito, perda de peso, insônia,infecção no trato urinário, entre outros. Alguns sintomas típicos comportamentais da DA são controlados com o uso de outros medicamentos de classes diversas, como antipsicóticos, antidepressivos, anticonvulsivantes e benzodiazepínicos, aumentando o número de reações adversas e interações medicamentosas.”
Este é outro ponto relevante no tratamento com canabinóides: os efeitos colaterais praticamente inexistem e os efeitos são notados pelo paciente, que volta a ganhar autonomia, e pelos familiares, que têm de volta a pessoa que amam em sua disposição natural.
O que acontece no Mal de Alzheimer?
Neuroquimicamente, existe uma disfunção, somada á gliose (áreas com células neuronais mortas), neuroinflamação, resistência à insulina, autofagia e estresse oxidativo. Isso se reflete nas condições clínicas em: esquecimento de pessoas e fatos, repetição de histórias, falas e perguntas; desorientação espacial e temporal, falta de iniciativa, possível depressão, incapacidade de realizar tarefas de vida diária, relacionadas à autocuidado, cozinhar, etc, devido à dificuldade de organizar, planejar e executar atividades. Com a perda de memória e reconhecimento dos entes queridos, podem ocorrer episódios de comportamento violento, estranhamento e isolamento social.
O uso de recursos que mantenham a memória afetiva do paciente, como, por exemplo, tocar músicas que ele goste, oferecer instrumentos que ele tenha aptidão, ou outras expressões artísticas, como a pintura, a dança, ajudam os pacientes a estarem lúcidos, ainda que seja por alguns momentos.
Sabe-se também que um ambiente afetuoso, acolhedor e compreensivo por parte dos familiares ajuda a minimizar essas perdas. Muitos pacientes em estágios avançados da doença, ainda que não se recordem dos familiares, mantém o vínculo afetivo, andando de mãos juntas, aceitando cuidados e gestos que fazem parte do costume dentro da sua relação com a pessoa.
A progressão da doença é totalmente incapacitante, e emocionalmente desgastante para todos os familiares envolvidos, que perdem gradativamente seu ente querido.
Como a Cannabis Medicinal pode ajudar?
CBD e THC são fitocanabinóides extraídos da Cannabis para uso medicinal, devido à sua capacidade de reequilibrar o Sistema Endocanabinóide (responsável por controlar funções como temperatura, defesa do organismo, ciclo do sono, produção de hormônios, quadros inflamatórios e regeneração dos tecidos, ciclo de vida celular etc).
Tanto o THC e quanto o CBD podem ter efeitos positivos na agitação, ansiedade, agressividade, depressão e dor. Ambos atuam na neuroproteção e na redução da formação de placas senis. Individualmente, o tetraidrocanabinol (em microdoses) alivia tanto a insônia quanto a anorexia e ameniza a perda de memória, enquanto o canabidiol, atuando sozinho, auxilia apenas na psicose.
O uso medicinal da Cannabis, portanto, se justifica porque seu óleo apresenta qualidades anti-inflamatórias, neurogênicas, neuroprotetoras e moderadoras do humor (que é o que nos interessa quando falamos de Mal de Alzheimer) além de modulador do sono, analgésico, ansiolítico, cicatrizante etc.
Caso bem sucedido
No Paraná, pesquisadores da Universidade Federal da Integração Latino Americana (Unila) conseguiram mostrar em um estudo que o uso de Cannabis medicinal em um paciente com Mal de Alzheimer em estágio inicial (Delci Ruver, de Foz do Iguaçu), foi eficiente tanto para impedir a progressão da doença como para reverter perdas que o idoso já vinha apresentando.
A intervenção terapêutica experimental foi realizada durante 22 meses com microdoses de um extrato de cannabis, com avaliações clínicas periódicas por meio do Mini-Exame do Estado Mental e da Escala de Avaliação da Doença de Alzheimer-Subescala Cognitiva.
Conforme descrito pelo próprio paciente: “ Eu costumava me sentir esquecido, nem uma vez depois do tratamento. Às vezes, eu não sabia onde estava, não aconteceu mais comigo. Eu me via perdido nas ruas, não podia sair de casa sem ajuda; hoje, peguei o ônibus sozinho para fazer minha avaliação clínica .” É importante notar que o tratamento com o extrato canabinóide em microdoses afetou positivamente não só as funções cognitivas.
Da mesma forma, o paciente descreveu outras melhorias: “ Logo após o início do tratamento, já me sentia mais alerta e animado durante as atividades diárias, e notei que tenho dormido muito melhor .”
E mais: após 42 meses de uso do CBD, o paciente manteve os ganhos cognitivos e, segundo os pesquisadores com o tratamento o início dos ganhos foi rápido e se manteve a longo prazo.
Por este motivo, a Unila agora está dando continuidade à pesquisa com 28 pacientes, agora divididos em um grupo controle e outro que recebe a Cannabis medicinal.
Mais estudos
Uma revisão de literatura publicada na Revista Brasileira de Neurologia cita inúmeros artigos científicos publicados nos últimos anos comprovando os efeitos terapêuticos do CBD e THC no Mal de Alzheimer, com redução dos sintomas motores, cognitivos e ação neuroprotetora, destacando também que poucos efeitos adversos foram descritos – ao contrário de outros medicamentos comumente usados no tratamento da doença.
Para além dos artigos científicos, existem os casos reais e diários, de pacientes e familiares que tiveram suas vidas mudadas para melhor quando foi introduzida a Cannabis Medicinal no tratamento do Mal de Alzheimer. Alguns desses casos foram tão relevantes que seus protagonistas fundaram associações de pacientes, e foram também responsáveis pela abertura que o uso da Cannabis Medicinal vem ganhando ao longo da última década.
Por isso, se você quer saber como iniciar o tratamento com Cannabis Medicinal, fale com nosso Suporte. Estamos aqui para orientar, ajudar a encontrar um profissional prescritor e auxiliar gratuitamente com o processo de importação junto à Anvisa.
Ana Claudia Marques é redatora da CBD Fast Lane, escritora, Terapeuta Ocupacional, pós-graduada em Medicina Tradicional Chinesa e terapias integrativas, além de estudiosa sobre o potencial terapêutico das plantas.