O primeiro uso compassivo da Cannabis medicinal foi para casos de epilepsia refratária aos tratamentos convencionais. A Síndrome de West é uma patologia que desencadeia crises convulsivas intensas e frequentes em seus pequenos pacientes, causando danos no Sistema Nervoso e podendo chegar ao óbito.
A Cannabis medicinal consegue controlar estes episódios e devolver qualidade de vida à criança e esperança às famílias, como veremos neste artigo.
O que é a Síndrome de West?
Segundo a Fiocruz, a Síndrome de West é um tipo raro de epilepsia, chamada de “epilepsia mioclónica” e inicia-se normalmente no primeiro ano de vida. O paciente tem atraso no desenvolvimento e espasmos, diferentes para cada criança.
Os espasmos podem ser leves no início, confundidos com cólicas. A crise dura alguns segundos. Normalmente estas crises ocorrem quando a criança está acordada, e em casos mais graves, podem chegar a uma centena ou mais por dia, podendo levar a óbito o paciente.
Numa reportagem da revista Metrópole, a mãe de Thamires Gabrielle, contou que a pequena recebeu diagnóstico de síndrome de West aos 8 meses de idade. Os tratamentos convencionais não surtiram efeito, mas com o uso de Cannabis medicinal, participando de um estudo clínico, a menina passou a apresentar melhora significativa.
As crises epilépticas pararam com 15 dias de tratamento. Entretanto a paciente foi retirada do estudo e o progresso alcançado “sumiu”, segundo a mãe. Com o retorno das crises, a criança foi a óbito após um episódio convulsivo grave.
Muitos pacientes não respondem aos medicamentos convencionais, daí o termo “epilepsia refratária” aos tratamentos. Outros, mesmo com diminuição dos episódios convulsivos, sofrem com efeitos colaterais importantes causados pelos fármacos. Por este motivo a Cannabis Medicinal pode ser uma opção bem-vinda para a redução das crises.
Redução das crises e melhora cognitiva
Relatos de pais e estudos trazem a mesma informação: o uso da terapia canabinóide nos pequenos pacientes com Síndrome de West não só reduz a intensidade e o número de crises convulsivas como traz uma melhora da cognição,
Um estudo publicado na BMC Pediatrics em 2018 revelou que 86% dos pacientes apresentaram algum benefício clínico e 10% experimentaram uma resposta clínica completa. Os efeitos adversos foram leves e foram relatados efeitos colaterais benéficos, como a melhora da cognição.
Outro caso relatado na revista Metrópoles foi do pequeno Dom, de um ano. Segundo a mãe, após uma anoxia de parto, a criança sofria crises convulsivas constantes e foi diagnosticada com a Síndrome de West. O tratamento com anticonvulsivantes tradicionais não surtiram efeito e o tratamento com CBD foi iniciado. Segundo a mãe foi o “momento em que vimos a vida do meu filho mudar. Com o canabidiol o Dom ganhou qualidade de vida. Logo no início percebemos que as crises que ele tinha, principalmente quando ficava nervoso, pararam de acontecer. Como ele é só um bebê, isso é uma grande vitória”.
Também uma reportagem do Senado relatou o caso do pequeno José Maurício, portador da Síndrome. Segundo a mãe, ela convenceu o neurologista a testar o CBD na criança, e, mesmo administrando doses mínimas, a resposta foi imediata, melhorando, já no segundo dia, a comunicação com o olhar. Também houve melhora no nível de atenção, comunicação e emissão de sons.
“Alteraram-se por completo. Meu filho se tornou um menino risonho do novo. Está entendendo tudo o que se passa e as crises já começaram a diminuir. Ainda não chegamos ao controle total da epilepsia, mas há espaço de sobra para aumentar a dose porque estamos usando uma quantidade mínima”, relatou a mãe..
Antes do tratamento com o CBD a criança utilizava os anticonvulsivantes tradicionais, sofrendo com efeitos colaterais, como queda da imunidade e perda parcial ou total da visão. Segundo a mãe: “um dos medicamentos o deixou dopado por completo e ele perdeu todos os ganhos duramente conquistados com a fisioterapia. Nessa fase, ele sequer levantava um braço para pegar alguma coisa”.
Mais um estudo publicado na revista Research, Society and Development, em 2020,
apresentou o caso clínico de uma paciente com Síndrome de West, onde a administração do CBD, ao longo de 7 meses, ocasionou efeitos benéficos no tratamento coadjuvante a outros antiepilépticos. Foram constatadas melhorias na interação, apresentando-se com maior percepção e mais esperta na interação com o mundo à sua volta, segundo informações colhidas com a mãe da criança.
Mais estudos
Um estudo de 2017, publicado no Epilepsy & Behavior, sobre o uso do óleo medicinal de Cannabis no tratamento de epilepsia nos EUA confirma que a utilização do CBD paresentam efeitos antiepilépticos por reduzir a hiperatividade neuronal e pode ser utilizado como terapia coadjuvante em casos de epilepsia refratária aos tratamento convencionais.
Outro estudo publicado no The Lancet, demonstrou que crianças com epilepsia refratária, quando tratadas com CBD apresentaram redução na frequência das crises convulsivas e também melhorias nos padrões de sono, humor e atenção.
Se você quer saber como iniciar seu tratamento, ou encontrar um profissional habilitado para avaliar a possibilidade de uso da terapia canabinóide, fale com nosso Acolhimento para receber as orientações necessárias.
Ana Claudia Marques é redatora da CBD Fast Lane, escritora, Terapeuta Ocupacional, pós-graduada em Medicina Tradicional Chinesa e terapias integrativas, além de estudiosa sobre o potencial terapêutico das plantas.