A Covid-19 vem sendo estudada exaustivamente e algumas pesquisas realizadas vem mostrando o potencial promissor de alguns componentes da Cannabis Medicinal, tanto para prevenir e combater a doença, quanto para tratar as sequelas pós-covid (a chamada Covid Longa).
Notícias foram veiculadas já no início de 2022 em várias mídias sobre o assunto. Mais um medicamento à base de Cannabis Medicinal foi aprovado pela Anvisa logo no início do ano. A eficácia dos fitocanabinoides da Cannabis Medicinal torna-se evidente e há milhares de pessoas que podem ter sua qualidade de vida impactada com seu uso.
Faremos um apanhado geral do que está acontecendo no Brasil e no mundo a respeito desse tema.
Potencial dos compostos da Cannabis
A Cannabis Medicinal possui mais de 500 compostos fitoquímicos em sua composição. Dentre eles, vem sendo estudado o potencial de três compostos canabinoides no combate ao COVID-19: o ácido canabigerólico (CBGA), o ácido canabidiólico (CBDA) e o canabidiol (CBD).
O CBGA é encontrado na planta bruta, e é transformado por uma enzima em CBDA. É o CBDA que, exposto ao calor (do sol ou em cozimento ou vaporização), dá origem ao CBD.

Estes três canabinoides derivados da Cannabis Medicinal possuem um efeito anti-inflamatório já comprovado. Porém foi descoberto que o CBDA tem um potencial cem vezes maior de se “ligar” ao sistema endocanabinoide, permanecendo ativo por mais tempo e sendo metabolizado com mais facilidade pelo organismo.
Isso ocorre porque enquanto o CBD e outros canabinóides se ligam com os receptores CB1 e CB2 do sistema endocanabinoide diretamente, o CBDA interage com este sistema através da inibição da enzima ciclo-oxigenase-2 (COX-2), responsável pelas inflamações após qualquer tipo de infecção.
Além disso, foi descoberto em estudos que o CBDA também pode afetar os níveis de serotonina, substância fundamental para intermediar várias funções corporais, como sono, digestão, habilidades motoras e emoções.
Desta forma atua também em outros sintomas que ocorrem na Covid longa, ajudando a diminuir dor, falta de ânimo, cansaço, depressão, distúrbios do sono, ansiedade e estresse pós-traumático.
Por último, sabe-se, por inúmeras pesquisas, que estes fitocanabinóides tem potencial antiproliferativo e causam a morte de células estranhas ao organismo. Ou seja, também ajudam a combater a proliferação do vírus no organismo já infectado.
O que acontece na Covid-19?
Longe de ser uma simples gripe, a Covid-19, que inicialmente compromete o sistema respiratório, pode se tornar uma doença sistêmica, ou seja, que afeta vários outros sistemas do corpo.
O vírus produz um quadro inflamatório que pode se tornar grave, causado por uma ação exagerada do Sistema de Defesa do organismo. Estatísticas internacionais mostram que 20% dos pacientes apresentam, após dois meses do início da doença, sintomas como fadiga, astenia, fibromialgia, falta de ar, palpitações, dores no corpo, distúrbios de memória e distúrbios do sono.
A síndrome pós-covid compromete a qualidade de vida, pois seus sintomas podem persistir para além de três meses. 10% dos pacientes apresenta problemas após oito meses da contaminação. A chamada Covid Longa já foi diagnosticada inclusive em pacientes que tiveram a forma leve da doença. Por este motivo é extremamente necessário que haja formas de conter a ação do Covid-19, em qualquer uma de suas fases.
Mecanismo de contaminação Covid-19 e os fitocanabionoides
O Corona Vírus possui uma proteína chamada Spike, principal responsável pela infecção das células saudáveis. Variantes mais contagiosas, como a Ômicron, possuem mais proteínas Spike na superfície do vírus.
É aí que os compostos fitocanabinoides também podem atuar, impedindo a ligação da proteína Spike com a superfície das células.
A pesquisa da Universidade de Oregon
Pesquisadores da Universidade Estadual do Oregon publicaram no dia 12 de janeiro último, no Journal of Natural Products, o resultado de sua pesquisa com CBGA e CBDA, mostrando que este ácidos canabinóides são capazes de se ligar à proteína Spike e impedir que o vírus da Covid-19 infecte as células. O vírus então fica impedido de se ligar à enzima ACE2, encontrada em grande quantidade tanto no pulmão quanto e outros órgãos do corpo.
“Oralmente biodisponíveis e com um longo histórico de uso humano seguro, esses canabinoides, isolados ou em extratos de cânhamo, têm o potencial de prevenir e tratar a infecção por SARS-CoV-2”, diz um trecho da publicação.
O cientistas esperam que o CBDA e o CBGA possam ser utilizados em medicamentos para prevenir, tratar ou reduzir as infecções pelo vírus da Covid-19. O pesquisador Richard van Breemen também lembrou que estes dois fitocanabinoides já são utilizados de forma eficaz em pacientes no tratamento contra HIV e hepatite.
Foram realizados testes laboratoriais com as variantes alfa e beta do novo coronavírus, mas ainda não foram feitos estudos de fase 3.
Estudo fase 3 no Brasil
Um estudo de fase 3 é aquele já feito com voluntários humanos. Aqui no Brasil, cientistas estão fazendo o primeiro estudo desse tipo, com 1000 voluntários, sobre os efeitos do CBD no tratamento da síndrome pós-covid-19.
Eles apostam no potencial terapêutico do CBD para acabar não só com o quadro inflamatório sistêmico, mas também para devolver a qualidade de vida desses pacientes, no que se refere aos distúrbios do sono, fadiga, astenia, fibromialgia, falta de ar, palpitações, dores no corpo, ansiedade e depressão que acompanham os pacientes que apresentam a Covid Longa.
Outros estudos com CBD e Covid-19
A Universidade de Nebraska e o Instituto de Pesquisa Texas Biomedical, vem fazendo pesquisas para avaliar a atuação do CDB no tratamento da inflamação pulmonar grave causada pela Covid-19.
Também a Universidade de Lethbridge, no Canadá, conduziu pesquisas em 2020 e concluiu que o CBD impedia o vírus de infectar o organismo e reduzia o risco de infecção, ao impedir o virus de fazer a ligação com a enzima ACE2.
Todos os estudos apontam o grande potencial protetor e terapêutico coadjuvante dos fitocanabinóides provenientes da Cannabis Medicinal. Isto vem se refletindo também em ações da Anvisa, ao reduzir prazos para os pacientes terem aprovadas suas autorizações para a importação de remédios, bem como na aprovação de mais um novo medicamento com CBD agora em janeiro.
Se você é um dos milhares de brasileiros que convivem com sintomas da Síndrome pós-Covid, a nossa Equipe de Suporte pode indicar médicos prescritores que já conhecem os benefícios dos canabinoides e realizam consultas por telemedicina.
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Ana Claudia Marques é redatora da CBD Fast Lane, escritora, Terapeuta Ocupacional, pós-graduada em Medicina Tradicional Chinesa e terapias integrativas, além de estudiosa sobre o potencial terapêutico das plantas.