Os avanços na medicina veterinária têm permitido alcançar maior expectativa de vida de cães e gatos. Pesquisas com medicamentos veterinários à base de canabidiol (CBD) mostram significativa redução da dor e na melhora da qualidade de vida de animais.
Segundo o veterinário Eric Lobato, alguns animais chegam até a clínica com indicação de eutanásia, e após o início do tratamento com CBD a maioria se recupera e volta a ter qualidade de vida.
Tutores relatam que a utilização do (CBD) em seus pets ajudam no tratamento de dor aguda, agressão, ansiedade ou medo (separação, tempestades ou viagens de carro), artrite, câncer, inflamação crônica, problemas digestivos, doença inflamatória ou intestinal, dor nas articulações, espasmos musculares, convulsões e tumores.
Uso em humanos e animais: semelhanças e diferenças
A Cannabis medicinal na veterinária tem o uso muito semelhante ao uso em humanos. Os potenciais terapêuticos que podem ser explorados são: antiinflamatório, analgésico, cicatrizante, relaxante muscular, neuroprotetor, antioxidante, ansiolítico e anticonvulsivante.
Há que se considerar que existem algumas diferenças no Sistema Endocanabinóide de alguns animais, como cães e gatos, para que se faça uma administração correta. Aliás, este é um motivo importante para que tutores não se aventurem a dar a Cannabis medicinal “à olho” e sem orientação de um profissional veterinário.
THC, por exemplo, é tóxico para algumas espécies – e quem vai saber orientar é um veterinário, tanto em relação ao produto quanto à quantidade do óleo que o pet necessita para melhorar.
Uso em pets: história antiga
O primeiro uso veterinário documentado da Cannabis medicinal data de quase um século – mas seu uso efetivo é tão antigo quanto o uso em humanos, de mais de 4 mil anos. Há diferenças em como as diversas espécies animais respondem à planta, e isso foi documentado desde 1938, pelo médico irlandês William Brook O’Shaugnessy.
Enquanto os animais granívoros (cavalos, ovelhas, vacas, etc) experimentam efeitos mínimos, animais carnívoros, pássaros e peixes podem experimentar efeitos intoxicantes, dependendo da dose administrada, devido a variações na localização do Sistema Endocanabinóide nestes animais.
Misturar a semente de cânhamo com a ração de cavalos pode ajudar a aumentar o peso. As mesmas sementes, administradas na ração de vacas, ajudam a aumentar a produção de leite e diminuir o stress causado pela separação dos bezerros.
Gotas de Cannabis medicinal ajudam a diminuir a inflamação e a dor na osteoartrite e outras inflamações articulares, em animais de pequeno e grande porte.
Melhorar a qualidade de vida dos pets é o objetivo dos veterinários e tutores. Afinal, eles merecem isso, como retribuição do amor incondicional que nos oferecem.
Pesquisas avançam
Além deste arsenal terapêutico, a Universidade Federal de Santa Catarina vem estudando outras finalidades para a Cannabis, como repelente de insetos, desinfetante e até no combate a vermes, graças a seus inúmeros terpenos.
Após receber a devida permissão da Anvisa, a Universidade Federal de Santa Catarina iniciou o cultivo, em estufa, de mudas de Cannabis sativa para pesquisas agronômicas, no intuito de colher os primeiros óleos em meados de agosto de 2023, Os extratos serão utilizados em uma pesquisa da aplicação da planta na área da medicina veterinária, da qual o professor e pesquisador Erik Amazonas é especialista.
Uma das vertentes da pesquisa também é estudar diferentes formas de extração do óleo de Cannabis, criando também formulações específicas para uso veterinário.
Além disso o professor, que já responde, com outros profissionais, pela linha de pesquisa “Endocanabinologia e Cannabis Medicinal”, do Grupo de Estudos em Produção Animal e Saúde, também vem trabalhando para criar o Centro de Desenvolvimento e Inovação Canábica (Cedican) no Campus Curitibano, a fim de contribuir para a abertura deste setor econômico.
Mais estudos
O CBD, conforme comprovou um estudo conduzido pelo Waltham Petcare Science Institute, pode reduzir, com pequenas doses, o stress do animal em viagens e também no período em que ele fica sem os donos.
O estudo verificou o comportamento dos pets em viagens e quando sozinhos, antes, durante e depois do uso do CBD, registrando batimentos cardíacos, choro e comportamento ansioso. Também durante a pesquisa os animais foram divididos em 2 grupos: um que recebeu CBD e o outro de controle, que recebeu placebo.
Comprovou-se que, assim como em humanos, o CBD ajudou a controlar o stress e ansiedade dos animais, em ambas as situações. Administrando duas horas antes da viagem ou da saída dos donos, registrou-se uma significativa redução dos níveis de cortisol, choravam menos e mostravam-se mais tranquilos em comparação com o grupo controle.
Veterinários: limbo jurídico prejudica mas não impede prescrição
O uso da Cannabis medicinal na veterinária, aqui no Brasil, ainda vive um limbo jurídico, mas isso não tem impedido o uso por tutores e nem por veterinários, que vem se especializando em medicina canábica e que colocam o bem-estar dos animais acima de burocracias jurídicas.
O motivo é simples: com o potencial analgésico e anti-inflamatório da Cannabis, conseguem proporcionar alívio a praticamente 70% dos quadros clínicos que acometem os pets, com um produto fitoterápico que traz pouco ou nenhum risco de efeitos colaterais – ao contrário de inúmeras drogas alopáticas.
Muitos tutores têm solicitado o medicamento para si mesmos e contam com a orientação de veterinários prescritores para fazer a administração correta, enquanto o impasse burocrático não termina.
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Ana Claudia Marques é redatora da CBD Fast Lane, escritora, Terapeuta Ocupacional, pós-graduada em Medicina Tradicional Chinesa e terapias integrativas, além de estudiosa sobre o potencial terapêutico das plantas.