Dentro do mundo dos esportes brilha uma nova estrela. Não, não estamos falando de um novo campeão, mas do CBD (canabidiol), um fitocanabinóide extraído isoladamente da Cannabis sativa e que vem ajudando atletas de várias modalidades a se recuperarem de lesões com mais rapidez.
A Cannabis medicinal traz também outros benefícios e o CBD não é o único fitocanabinóide produzido pela planta.
Porém, para quem compete oficialmente, o CBD ainda é o único fitocanabinóide liberado oficialmente pela WADA, desde as Olimpíadas de 2021. Devido aos amplos benefícios que a Cannabis Medicinal traz, entretanto, tem havido uma pressão dos esportistas para que isso seja revisto e outras formulações, com outros canabinóides, também sejam aceitas.
Benefícios da Cannabis Medicinal
O tratamento com CBD auxilia na qualidade do sono, nutrição, bem-estar mental e emocional, recuperação e regeneração de músculos e articulações – sempre afetados pelos treinos constantes e lesões durante as competições. Isso ajuda os atletas a manterem sua performance, sem longas permanências fora de ação – além de proporcionar o foco e calma necessários para encarar competições.
Outro componente da Cannabis Medicinal, o THC (tetrahidrocanabinol), ainda não liberado durante as competições, ajudaria muitos atletas no controle da ansiedade antes das provas, melhorando a performance.
Para atletas amadores, é possível usar formulações com CBD e THC (este em proporções mínimas, mas com efeitos terapêuticos) para obter todos os benefícios possíveis.
O uso mais comum é da formulação líquida, em óleos e tinturas, com uso sublingual – ou adicionada a um líquido. Ajustada a dose de efeito, não é preciso aumentar a ingestão, pois os resultados se mantêm. Muitos atletas buscam exatamente a eficácia combinada com a ausência de risco de dependência. Entenda.
Analgésicos opióides podem causar dependência em quem usa, pelo fato de que as doses precisam ser aumentadas com frequência para trazer o mesmo efeito sedativo. Quem convive com dor crônica ou precisa de rápida recuperação para competir é um alvo potencial para depender quimicamente ou, pior, errar a dose, buscando alívio para dor, e sofrer uma parada cardio-respiratória.
A Cannabis medicinal não traz este risco porque não há receptores canabinóides no Tronco Cerebral. Para cada pessoa existe uma dosagem ideal, pois o número de receptores canabinóides no organismo varia de uma para outra. Então, caso a pessoa exagere na dose, poderá sentir náusea ou enjôo – sinal de que deve diminuir para a dosagem anterior, e permanecer nela.
Além da formulação oral, estão disponíveis produtos tópicos, em creme e gel, possibilitando alívio local para os atletas, sejam eles profissionais ou amadores.
De lutadores de MMA à skatistas profissionais: CBD é unanimidade
Corredor de final de semana, praticante de ioga ou atleta profissional, a medicina canabinóide pode ajudar a se manter nos treinos, sem dor e com qualidade de vida.
O CBD, por ser liberado para atletas profissionais, tem sido bastante utilizado por lutadores, como os de MMA, como é o caso de Karine Killer e Jeff Novitzky, do UFC.
No mundo do MMA, 80% de 170 lutadores fazem ou já fizeram uso de CBD para fins terapêuticos. O uso do canabidiol é uma realidade porque contribui no tratamento de uma variedade de condições médicas, como contusões, inflamações em articulações e fáscias, acelerando a recuperação de lesões em tendões, músculos e ossos, atuando também no alívio da ansiedade e melhoria do sono.
Além disso, há vários estudos que comprovam que o canabidiol ajuda na recuperação neurológica, tanto diminuindo o processo inflamatório como estimulando a neurogênese – o que cai como uma luva para lutadores que sofrem pancadas frequentes na cabeça e se aposentam cedo devido à estas lesões repetidas.
CBD, competição e ansiedade
O skatista Ítalo Penarrubia, medalhista de bronze no Mega Park do X Games, usa CBD há cerca de cinco anos.
“Comecei o uso por conta de várias lesões que tive durante minha carreira e muitas dores e mal jeito durante os treinos”, diz o atleta. Ele também percebeu melhora em outros aspectos, como a ansiedade, qualidade do sono e até no foco durante os treinos.
O skatista conheceu o medicamento nos EUA e teve acesso às informações sobre o uso terapêutico. Ele, como muitos atletas que treinam fora do país, acompanham a abertura no Brasil, pois já experimentaram os benefícios não só físicos, mas emocionais, do CBD.
Competir é adrenalina pura, mas antes de chegar nesse momento o atleta testa a si mesmo. É quando pode ter picos de ansiedade,com suas habilidades sendo postas à prova. Não é raro ver profissionais que interrompem sua carreira, momentaneamente ou em definitivo, por não aguentarem a pressão.
Foi o que aconteceu com a ginasta americana Simone Biles, nas Olimpíadas de 2020. Ela desistiu das provas finais. “Temos que proteger nossas mentes e corpos, não é apenas ir lá competir e fazer o que o mundo quer que façamos. Nós não somos apenas atletas, no fim do dia nós somos pessoas, e às vezes temos que dar um passo atrás”, afirmou a norte-americana.
Cannabis medicinal e superação
A Cannabis Medicinal fez a diferença na vida do campeão brasileiro de remo no single skiff, Tomás Levy. Ele é o melhor atleta do país e portador da Síndrome de Tourette. Logo que se apresenta, avisa que tem a síndrome para que as pessoas entendam seus tiques nervosos.
”Eu tomo vários remédios, mas o THC e o CBD juntos funcionam como nenhum igual. Quem está do meu lado percebe nitidamente a diferença, principalmente dos tiques. Eu me sinto mais calmo. Eu sou ligado no 220, sou meio impulsivo, de ‘ai meu Deus, preciso fazer isso daqui’. Com a cannabis, acabo refletindo melhor sobre as coisas, tenho foco maior. Eu também tenho um pouco de Déficit de Atenção, não conseguia focar, na escola era uma desgraça. Quando eu estou sob o efeito (da medicação), eu viro outra pessoa”, contou Tomás em reportagem recente.
A formulação perfeita para Tomás tem CBD e THC – este último para diminuir sua ansiedade (Tourette também pode causar ansiedade e Síndrome do pânico). Quando vai para competições, porém, ele precisa usar somente uma formulação com CBD.
Assim que sai das competições, volta a usar a formulação que o ajuda também a controlar a ansiedade. “Melhora meu rendimento e minha qualidade de vida”, diz o atleta.
Para um atleta que já chegou a parar no meio de uma competição, paralisado pela ansiedade, o uso do CBD foi o diferencial que liberou sua capacidade de chegar até o fim e vencer.
Educar é o melhor caminho
Movida à noticiários e fake news, a opinião pública vez por outra oscila entre o amor e o ódio pela Cannabis medicinal. Para se ter uma ideia, de janeiro até julho deste ano, a aprovação da Cannabis medicinal passou de 61% para 54%, devido à falta de informação correta sobre seus benefícios, para atletas e também para milhares de pacientes portadores de inúmeras patologias.
A cannabis medicinal tem efeitos antiinflamatórios, neuroprotetores, analgésicos, ansiolíticos, melhorando também o sono e o foco.
É importante explicar: ainda que originárias da mesma planta (Cannabis sativa) o que chamamos de Cannabis Medicinal não tem nada a ver com a maconha de uso recreativo.
Os produtos para uso medicinal provém de cepas com alta porcentagem do CBD, e este pode vir isolado (como no caso dos produtos liberados para atletas profissionais) ou combinado com outros canabinóides, como o THC, em doses baixas, de até 0,3%, aproximadamente. Ou seja, 15 a 20 vezes menor do que no caso da maconha, onde as cepas de Cannabis utilizadas para uso recreativo tem cerca de 5% de THC.
Há ainda os produtos Full Spectrum, onde o óleo possui todos os canabinóides, terpenos e flavonóides da planta, e com os benefícios do “efeito entourage” – a combinação dos efeitos terapêuticos dos três componentes da planta.
Por isso, se você é atleta, profissional ou amador, e quer se beneficiar do uso da Cannabis medicinal, conte conosco. Entre em contato com nosso Suporte, para encontrar um profissional prescritor e obter ajuda no processo de importação junto á Anvisa.
Ana Claudia Marques é redatora da CBD Fast Lane, escritora, Terapeuta Ocupacional, pós-graduada em Medicina Tradicional Chinesa e terapias integrativas, além de estudiosa sobre o potencial terapêutico das plantas.