Mulheres podem se beneficiar enormemente com o uso da Cannabis medicinal. Esta planta, com inúmeros potenciais medicinais, atua diretamente na regulação do Sistema Endocanabinóide – que por sua vez, é o responsável pela regulação dos hormônios em nosso organismo.
Mulheres são basicamente regidas por dois hormônios principais: estrógeno e progesterona. Eles começam a atuar a partir da primeira menstruação e seguirão agindo no organismo feminino durante a puberdade, vida adulta, durante a gravidez, no parto e puerpério, até a menopausa – quando a falta destes mesmos hormônios poderá trazer outra série de manifestações relacionados a este período de vida.
Ao longo deste artigo, não chamaremos de “sintomas” o que são manifestações naturais de alterações hormonais na vida de milhares de mulheres, no mundo inteiro. Nos referimos a sintomas quando houver, aí sim, um quadro clínico, uma patologia relatada.
Hormônios femininos e masculinos : o que diferem?
Todo ser humano, ainda no útero, sofre a influência de 3 hormônios: estrógeno, progesterona e testosterona. Explicando de forma simples, se o feto é feminino, estrógeno e progesterona estão em maior porcentagem. Se o feto é masculino, a testosterona estará em maior porcentagem. É desta forma que se inicia a diferenciação das características masculinas e femininas do bebê no útero.
O Sistema Endocanabinóide está na “sala de controle” da liberação ou não de todos estes hormônios, sendo responsável pela fertilidade, manutenção da gravidez, lactação e todos os processos fisiológicos ligados a estes e outros hormônios.
Partimos aqui do pressuposto básico de que, diferente do organismo masculino, regulado pela testosterona durante toda sua vida, o organismo feminino vive, mensalmente, quatro ciclos hormonais diferentes, por, pelo menos, 30 anos de sua existência, até chegar na menopausa. Este é um ciclo natural, que hoje é entendido, em nossa sociedade, como algo patológico, que precisa ser “consertado”, porque os hormônios estão em desequilíbrio.
Nossa sociedade moderna trouxe inúmeras oportunidades para as mulheres, mas também aumentou o estresse, a falta de tempo para respeitar seus ciclos, uma alimentação desregrada, sedentarismo. Tudo isto contribui para desregular o Sistema Endocanabinóide e, portanto, os hormônios. Entender como eles agem no organismo nos ajudarão a explicar como a Cannabis Medicinal pode ajudar as mulheres a viverem melhor, com qualidade de vida.
Testosterona nas mulheres? Sim!
A testosterona estará presente no organismo feminino, sim, durante sua infância, puberdade e vida adulta, em quantidades mínimas necessárias para a manutenção da musculatura, humor, motivação e libido.
Durante a adolescência e vida adulta, o aumento deste hormônio pode causar acne, maior quantidade de pelos no corpo e alteração na voz, que fica mais grossa.
Já a diminuição da testosterona pode causar fadiga, perda de libido e dificuldade no processo de reprodução.
Na menopausa, o nível de testosterona também altera (aumenta), explicando aí a possibilidade maior de queda de cabelos, aumento de pelos no corpo, fadiga, diminuição de libido e aparecimento de determinadas doenças, como câncer de mama, ovário, trombose e infarto.
Progesterona
A progesterona é responsável por regular o ciclo menstrual e preparar o endométrio para uma possível gestação. Quando o óvulo é fecundado, este hormônio é que mantém o desenvolvimento gestacional e pode aumentar em até 10 vezes sua presença no organismo.
Durante a gravidez, este aumento traz sonolência, enjoos, vômitos e alterações de humor. Mas a progesterona também é responsável pelo relaxamento da musculatura uterina e o aumento do canal pélvico para facilitar a passagem do bebê durante o parto.
Faz sentido, a partir deste conhecimento, que, na fase ovulatória do ciclo menstrual, com o aumento da progesterona – preparando o útero para uma possível gravidez – as mulheres possam sentir mais cansaço e alterações de humor. São manifestações deste momento, e não “sintomas”.
Mas se o aumento é maior do que o ideal, a mulher pode ter, sim, os sintomas da TPM, ou tensão pré-menstrual, com enxaqueca, náuseas, grande irritabilidade.
Estrogênio
O estrogênio possui várias funções: estimula o desenvolvimento do órgão sexual feminno, o crescimento de pelos pubianos e desenvolvimento mamário; regula a distribuição da gordura corporal (principalmente na parte inferior do corpo, abdômen, quadris e perna) e é importante durante o período gestacional.
É o estrógeno que, durante o ciclo menstrual, faz o endométrio se espessar e aumentar a quantidade de vasos sanguíneos, preparando o organismo para receber um embrião no útero. Quando não há fecundação, é a queda deste hormônio que causa o “desfolhamento” do útero – e o sangramento, a que chamamos de menstruação.
Já no período pré-menopausa, quando há diminuição deste hormônio, a gordura corporal que traz as “curvas” do corpo feminino diminui.
O estrogênio também é responsável pela dilatação de vasos sanguíneos, e, na gravidez, atua junto com a progesterona para o crescimento dos seios, preparando para a amamentação, e o aumento da pelve.
Estrógenos em excesso causam sintomas como: inchaço mamário, ciclo menstrual desregulado, dificuldade para engravidar, câncer de endométrio e endometriose.
A falta deste hormônio causa sintomas como: fadiga, dor de cabeça, ansiedade, dificuldade para dormir, irritabilidade, ressecamento vaginal, diminuição da libido, problemas de memória e na concentração, além dos “fogachos” e sudorese noturna, comuns na menopausa.
Cannabis medicinal regulando os hormônios
A Cannabis medicinal possui mais de 200 fitocanabinóides identificados. Dentre eles, os mais estudados nas últimas décadas foram o THC (tetrahidrocanabinol) e o CBD ou canabidiol, Ambos possuem propriedades terapêuticas, porém é o CBD que oferece mais segurança em seu uso, por não causar dependência química nem efeitos alucinógenos. A Cannabis medicinal pressupõe compostos de fitocanabinóides com um nível de THC controlado, já que níveis baixos de THC são terapêuticos em vários quadros clínicos, mas níveis altos da mesma substância podem causar mal estar, delírios e alucinações.
A Cannabis medicinal consegue interagir com o Sistema Endocanabinóide de forma natural, reequilibrando este sistema. No caso do organismo feminino, que está constantemente vivenciando a oscilação hormonal devido ao ciclo menstrual e reprodutivo, o CBD pode se tornar um aliado para reequilibrar os níveis de estrógeno, progesterona e testosterona, melhorando enormemente a qualidade de vida das mulheres que convivem com desequilíbrio hormonal e suas manifestações, como cólicas menstruais, retenção de líquidos, mamas doloridas, enxaqueca, alterações de humor, alterações na libido, na disposição diária, etc.
Estudos sobre uso do CBD por mulheres
Um estudo pré-clinico realizado na Universidade americana Rutgers, sugere que o CBD tem o potencial terapêutico para aliviar os sintomas da deficiência de estrogênio em mulheres pós-menopausa, como a perda óssea, alterações na flora intestinal, aumento de processos inflamatórios no corpo e alterações no metabolismo.
De acordo com outro estudo clínico randomizado recente, realizado na Universidade James Madison, nos Estados Unidos, o CBD foi eficaz para conter os sintomas desconfortáveis relacionados à menstruação.
Os resultados mostraram que o grupo de pessoas voluntárias, acompanhados ao longo de seis meses, tiveram dores nas costas, inchaço e cólicas reduzidas. Outros sintomas como mudanças de humor, irritabilidade e estresse também diminuíram.
O potencial do CBD também está sendo utilizado num absorvente interno criado por uma startup inglesa, que já é utilizado por 60 mil mulheres. O absorvente interno contém 100mg de CBD e ajuda a reduzir as cólicas menstruais.
Estudos recentes também sugerem que doses baixas de THC ajudam a reduzir os cistos na endometriose. Outro estudo mostrou que o Sistema Endocanabinóide encontra-se em desequilíbrio em mulheres com endometriose, portanto a Cannabis medicinal pode ser uma aliada terapêutica para lidar com a dor pélvica crônica, dismenorreia e dispareunia (dor durante a relação sexual).
Em 2017, na Austrália, foi realizado um questionário online com mulheres entre 18 e 45 anos com endometriose. Foram realizadas várias perguntas como o tipo de tratamento a que recorreram, alteração de sintomas, utilização de outros medicamentos, custos do tratamento e efeitos adversos. Analisaram cerca de 484 respostas onde 76% das mulheres referiram recorrer a terapia com canabinóides. A eficácia ao nível da redução da dor do grupo que recorreu aos canabinóides foi elevada, sendo que cerca de 56% reduziu o consumo de outros medicamentos para menos de metade. Foram ainda reportadas melhorias a nível da qualidade do sono, náuseas e vómitos.
Cannabis medicinal na saúde da mulher
O organismo feminino, naturalmente, apresenta flutuações hormonais ao longo de um mês, devido ao ciclo menstrual e ao longo da vida, durante a gravidez e, depois, quando entra na menopausa.
Estas flutuações hormonais podem acontecer sem causar incômodos, dores, processos inflamatórios, alterações de humor, memória etc. A alta incidência destes sintomas reflete o desequilíbrio dos hormônios, devido a um estilo de vida que desequilibra o Sistema Endocanabinóide.
É fato que implementar uma alimentação mais saudável, rotina de exercícios, respeitar períodos de descanso e lazer auxiliam, e muito, a reequilibrar o Sistema Endocanabinoide. Mas nem sempre é o suficiente para normalizar o funcionamento do corpo.
Nestes momentos a Cannabis medicinal pode se tornar uma aliada das mulheres, para que possam regularizar o funcionamento hormonal e não precisem sofrer com os efeitos de hormônios em excesso ou em falta, em seu organismo.
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Ana Claudia Marques é redatora da CBD Fast Lane, escritora, Terapeuta Ocupacional, pós-graduada em Medicina Tradicional Chinesa e terapias integrativas, além de estudiosa sobre o potencial terapêutico das plantas.