Por Ana Claudia Marques
O uso da Cannabis Medicinal é antigo. Estudos apontam que essa prática existe há cerca de 10 mil anos, desde a Revolução Neolítica, quando o homem deixou de ser nômade e se fixou em lugares para viver da agricultura local. Locais como China, Mongólia e sudoeste da Sibéria (Rússia), foram regiões com climas específicos que propiciaram o primeiro cultivo da planta para fins medicinais.
Pesquisas sobre Cannabis Medicinal
Mesmo com pesquisas sendo realizadas durante todo o século XIX sobre a planta, seu potencial terapêutico foi negado à partir do século XX, quando a Cannabis foi considerada uma droga ilícita e relegada ao esquecimento por várias décadas.
Foi somente em 1964 que a sua primeira estrutura química foi descoberta. O químico orgânico Raphael Mechoulam determinou com precisão a disposição de um dos componentes canabinoides mais importantes da planta, o D9-THC, conhecido também como tetrahidrocanabinol. Como consequência, outros importantes canabinoides também foram encontrados em maior ou menor quantidade no caule, folhas e flores da Cannabis. São eles: o canabidiol (CBD), o canabicromeno (CBC) e o canabigerol (CBG).
Os efeitos causados pelas substâncias extraídas da Cannabis despertaram grande interesse em estudiosos em conseguir destrinchar ainda mais as suas propriedades e como elas podem funcionar no organismo humano.
As subespécies de Cannabis
As pesquisas levaram ao conhecimento de que a planta tem três subespécies – por terem se adaptado a diferentes regiões pelo mundo – e delas são retirados os principais compostos utilizados para fins medicinais: o CBD e o THC.
A primeira subespécie é a Cannabis sativa, que se desenvolve bem em climas quentes. Tem maior concentração de THC e doses mais baixas de CBD.
A segunda subespécie é a Cannabis indica, adaptada a climas montanhosos. Ela cresce mais rápido que a sativa e possui níveis mais altos de CBD e mais baixos de THC.
A última é conhecida como Cannabis ruderalis, adaptada ao frio extremo. Os níveis de THC e CBD nesta subespécie são muito baixos para tentativa de qualquer uso medicinal. Seu potencial é mais focado na fabricação de papel, cordas, óleos, alimento animal e outros.
Ação da Cannabis Medicinal no organismo
Só a partir dos anos 80, após muito desenvolvimento científico e novas pesquisas, que foi possível identificar receptores canabinoides no nosso organismo.
São eles os responsáveis pelos efeitos bioquímicos e farmacológicos produzidos pelos compostos da Cannabis e fazem parte do sistema endocanabinoide, com função neuromoduladora, presente em todo o corpo humano. Este sistema participa ativamente das atividades exercidas pelo sistema nervoso central e na plasticidade sináptica.
As novas técnicas de extração do CBD e THC resultam em produtos de alta qualidade, que interagem naturalmente com o sistema endocanabinoide. Este, quando devidamente estimulado, auxilia na regulação de condições fisiológicas básicas, como apetite, sono, humor e dor, por exemplo.
A explicação é simples: por serem semelhantes aos compostos encontrados na planta, os canabinoides endógenos, produzidos internamente por um ser humano, têm uma relação mimética com os canabinoides da planta (CBD e THC).
Por ser uma substância que é reconhecida pelo nosso organismo, os tratamentos com a Cannabis Medicinal causam efeitos colaterais mais leves e reversíveis com o ajuste da dose, se comparado com outros medicamentos usados no alívio de dores crônicas, insônia, quadros de ansiedade etc, como é o caso dos opioides e outros fármacos.
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Ana Claudia Marques é redatora da CBD Fast Lane, escritora, Terapeuta Ocupacional, pós-graduada em Medicina Tradicional Chinesa e terapias integrativas, além de estudiosa sobre o potencial terapêutico das plantas.