Conviver com o Mal de Parkinson pode – ou não – ser difícil. Isso vai depender da terapia adotada e queremos mostrar, nesse artigo, como a terapia canabinóide pode ser uma escolha benéfica para o paciente.
Já está comprovado que os canabinóides possuem ação neuroprotetora, neurogênica, anti-inflamatória, analgésica, antidepressiva e ansiolítica. Como veremos daqui por diante, com o uso de Cannabis Medicinal é possível aplacar e retardar diversas manifestações do Mal de Parkinson, com baixa incidência de efeitos colaterais e sem o perigo de dependência química.
O início da doença
Segundo o site do Ministério da Saúde, o Mal de parkinson é uma doença causada pela degeneração de uma área do cérebro que produz a DOPAMINA, substância que conduz as correntes nervosas pelo corpo e é importante não só para a execução de movimentos, mas para a memória, motivação, regulação do humor e atenção.
Seus sintomas começam com lentidão de movimentos do dia a dia – vestir-se, pegar objetos, caminhar, pentear-se, por exemplo – um aumento gradual de tremores, bilateral ou unilateral, mesmo em repouso. O caminhar é característico, com arrastar dos pés e a postura inclinada para frente. Outros sintomas podem aparecer no início da doença: :rigidez muscular; redução da quantidade de movimentos, distúrbios da fala, dificuldade para engolir, depressão, dores, tontura e distúrbios do sono, respiratórios e urinários.
Problemas cognitivos e comportamentais no Mal de Parkinson
Segundo a International Parkinson and Movement Disorder Society, é preciso estar atento a problemas cognitivos, como: dificuldade de concentração, de organização ou planejamento; dificuldade de seguir conversas ou raciocínios complexos, pensar rapidamente e perda de memória. Quando essas dificuldades tornam-se mais graves, afetando o desempenho diário, é considerado o quadro de demência.
Normalmente as áreas de atenção, pensamento e memória são afetadas num momento mais tardio da doença, com o avanço da idade.
Entretanto, o que muitos não sabem é que o Mal de Parkinson, além da depressão, pode causar delírios e alucinações, principalmente visuais.
Nas alucinações a pessoa vê ou ouve coisas que não estão realmente ocorrendo, como pessoas e animais. No início da doença o paciente consegue reconhecer que é uma alucinação, mas com o tempo ele pode não discriminar o que é real e o que é falso.
Os delírios normalmente ocorrem em fases avançadas da doença, com crenças falsas, como, por exemplo, acreditar que existe um estranho em casa, que alguém o está roubando etc.
É necessário verificar se as alucinações ou delírios não são causadas pelos medicamentos usuais utilizados para dor ou sono, antes de se prescrever novas medicações para estes sintomas.
Estes problemas são incapacitantes e requerem uma conversa prévia com familiares, tanto para conversar sobre a necessidade de auxílio de profissionais (cuidadores), quanto para que alguém seja procurador do paciente no que tange a resolução de pagamentos e muitos outros trâmites legais.
Apesar desse prognóstico, estudos mostram que o uso da terapia canabinóide tem o potencial para melhorar a qualidade de vida do paciente com Mal de Parkinson.
Estudos sobre a terapia canabinóide no Mal de Parkinson
Hoje os dois canabinóides mais estudados para aplicação clínica são o CBD (canabidiol) e o THC (tetrahidrocanabinol). Ambos atuam modulando o Sistema Endocanabinóide presente em nosso corpo – um sistema pré-homeostático que regula todos os outros sistemas corporais, influenciando desde o nosso sistema de defesa do organismo até atividades essenciais como febre, sono, disposição, controle do humor, da dor e de processos inflamatórios, só para citar alguns.
Um estudo recente publicado no Journal for Nurse Practitioners se debruçou sobre o uso do CBD em pacientes com Mal de Parkinson. É importante ressaltar que, para melhor efeito terapêutico, os produtos com CBD são combinados com THC, porém em doses baixíssimas, menores que 0,3%, evitando assim o risco de dependência química ou efeitos alucinógenos.
As propriedades terapêuticas do THC são sentidas mesmo em baixas doses, com relaxamento muscular, neuroproteção, estímulo à neurogênese, controle da dor e sensação de bem-estar..
O CBD, por sua vez, apresenta propriedades neuroprotetoras, de redução da degeneração das estruturas cerebrais e dos processos inflamatórios e oxidativos locais em doenças neurodegenerativas, além de ser antipsicótico, anti compulsivo, antidepressivo e ansiolítico. As duas substâncias canabinóides, portanto, podem auxiliar – e muito – os pacientes com Mal de Parkinson.
Em artigo na Research, Society and Development, foi feita uma revisão sobre a eficácia do CBD na qualidade de vida dos pacientes. Nesta revisão trouxeram estudos que mostraram efeitos positivos da cannabis relacionados aos comportamentos e às manifestações clínicas motoras, diminuindo o movimentos involuntários, as manifestações psicóticas, controlando os distúrbios do sono e a urgência miccional, além do controle da dor.
Também foram citadas nesta revisão as propriedades antidepressivas e ansiolíticas do CBD, auxiliando na melhora da qualidade de vida do paciente.
Esta revisão ressaltou também que o medicamento de base para o tratamento do Mal de Parkinson é a Levodopa, substância que induz a produção de dopamina. Entretanto, além de efeitos colaterais relevantes – como desconforto gástrico, alterações psiquiátricas e hipotensão ortostática – é uma droga dose dependente, e a dosagem precisa ser ajustada com o passar do tempo, pois não faz mais efeito.
Os canabinóides, por sua vez, causam pouquíssimos efeitos colaterais e a dose de efeito é sempre a mesma.
Num quadro resumo sobre as quinze pesquisas consultadas, os autores compilaram os seguintes resultados:
- Melhoria das medidas de qualidade de vida sem comorbidades psiquiátricas.
- Melhoria nos sintomas motores;
- Melhoria do controle dos movimentos involuntários, nos tremores, da bradicinesia e melhoria da LID.
- Indução e estabilização dos sintomas causados pelo Parkinson;
- Atua em diferentes regiões corticais relacionadas ao controle motor, através da interação com os sistemas gabaérgicos, glutamatérgicos e dopaminérgicos;
- Melhoria do tremor, ansiedade e psicose;
- Melhoria da ansiedade e sintomas psicóticos;
- Atividade ansiolítica – reduzindo a atividade, causando sonolência e induzindo à calma;
- Reduz euforia;
- Melhorias nos índices de humor, memória, fadiga e obesidade;
- Resultados positivos em relação a alguns sintomas cognitivos; os pacientes relataram diminuição das quedas, sensação de dor, depressão e insônia;
- Diminuição dos sintomas psicóticos induzidos por discinesia (LID) e melhora a qualidade de vida;
- Melhoria do bem-estar físico, psicológico e social;
- Diminuição de sintomas, alívio e sofrimento;
- Melhoria nas funções motoras e dos sintomas de dor.
Em outra publicação, destacou-se, além de todos estes benefícios, o fato de que “foi observado, a nível celular, ação neuroprotetora, antioxidante, anti apoptótica, e aumento da diferenciação celular e da expressão de proteínas axonais e sinápticas, além de apresentar efeito neuro restaurador independente do NGF ( Nerve growth factor ou fator de crescimento neural), que pode contribuir para ação protetora contra MPP+”( responsável por produzir a degeneração neuronal progressiva).
Qualidade de vida com Cannabis Medicinal
Sabemos que, como tantas outras doenças degenerativas e incapacitantes, o profissional precisa olhar não só para o paciente, mas também para seus familiares e cuidadores.
A qualidade de vida que a Cannabis Medicinal proporciona para o paciente com Mal de Parkinson vai refletir completamente em na saúde emocional da família.
Um paciente que consiga ter autonomia em suas atividades de vida diária, mantenha sua saúde emocional, rotina de sono e integridade mental não é pouca coisa. O paciente estará satisfeito, por poder ainda cuidar de si mesmo e a família, por ter consigo a pessoa que ama aproveitando a vida com menos sofrimento.
Se você quer conhecer melhor a terapia canabinóide, fale com nossa Equipe de Suporte e agende uma consulta com um profissional.
Ana Claudia Marques é redatora da CBD Fast Lane, escritora, Terapeuta Ocupacional, pós-graduada em Medicina Tradicional Chinesa e terapias integrativas, além de estudiosa sobre o potencial terapêutico das plantas.