Recentemente o Dr Fábio Candello, da Candello Advocacia, representante jurídico da CBD Fast Lane, ganhou mais uma liminar contra um plano de saúde, para um paciente com Distonia Muscular Gravíssima. Segundo ele, “são esses momentos que reforçam o sentimento de gratidão de trabalhar na empresa e poder proporcionar um certo alívio a essas famílias, por meio da Cannabis Medicinal”.
Conversamos com a médica responsável pela prescrição da terapia canabinóide para esta patologia, a Dra. Lia L. Steinberg, para saber o que a levou a indicar o CBD neste caso.
A entrevista
Dra. Lia: Conheci este paciente de 28 anos com o caso de Distonia Muscular mais grave que já vi, de natureza idiopática (sem causa conhecida), e que convive com a doença desde os 13 anos.
Uma Distonia generalizada pode atingir partes do tronco e do corpo. Ele estava acamado, na maca, deitado, sem conseguir se locomover sozinho, com a coluna completamente em contratura, numa posição fixa e usando oxigênio.
Conversando com a família, soube que o paciente já havia feito todos os tratamentos possíveis: uso de estimulador cerebral, toxina botulínica em dose máxima e, mesmo assim, não estavam obtendo nenhum resultado. O jovem vinha emagrecendo a cada dia, não comia, mesmo com a família toda empenhada em “levantar o astral” dele.
Percebia-se que era um sofrimento muito grande e o paciente se encontrava muito irritado.
Perguntei se já haviam usado a Cannabis Medicinal e a resposta foi negativa. Este é um caso que se enquadra no uso compassivo da terapia canabinóide, pois não existe mais nenhuma terapia para oferecer.
A indicação não foi para a Distonia em si, mas para os outros sintomas que acompanham a patologia (comorbidades). Naquele momento, em que o paciente era refratário a todos os tratamentos e a família também sofria com a situação, o uso compassivo se mostrou adequado e humano.
Três semanas após iniciar o uso da Cannabis medicinal, este paciente voltou ao ambulatório e era notável que o paciente estava mais tranquilo. Passados dois meses, no retorno ao ambulatório, a evolução do paciente era mais marcante ainda.
Então, o que me fez indicar, de início, foi a falta de opção terapêutica.
“Temos pouco material sobre o uso em Distonia Muscular”.
CBD Fast Lane: Encontramos indicações na literatura médica?
Dra. Lia:
Se procurarmos na literatura, desde a década de 1980 existem evidências que a Cannabis Medicinal tem efeitos positivos nos diversos tipos de distonia, incluindo os movimentos distônicos das pessoas com Mal de Parkinson. Além disso, melhora os outros sintomas, bastante prevalentes nesses pacientes: ansiedade, insônia e depressão.
O Sistema Endocanabinóide precisa ser estimulado aos poucos. Hoje começamos um tratamento com poucas gotas, até chegar à quantidade que o organismo responde, e a mantemos, pois não precisa aumentar mais.
Comparo ao prognóstico que escutamos sobre o uso do canabidiol no Mal de Parkinson. A literatura traz que o CBD ajuda nos sintomas não motores. Porém, quando encontramos um paciente com Parkinson, que faz uso da Cannabis medicinal, temos o relato do paciente que os movimentos mudaram!
Some-se a isso que, para um paciente com poucos recursos, fazemos um esquema de racionamento da dose, buscando a dose mínima necessária para obter efeito terapêutico, sem onerar a família.
“A Cannabis Medicinal, no uso compassivo, melhora a qualidade de vida do paciente e dos familiares.”
CBD Fast Lane: Nos conte então qual foi a evolução deste tratamento compassivo no caso deste paciente, até o momento?:
Dra. Lia: Primeiro, ele tranquilizou, conseguindo dormir. Depois, já no final do ano ele voltou ao convívio social, aceitando sair com a família para a festa de Natal. Até então ele já não queria conversar nem sair com ninguém.
Um dos efeitos que notamos ao usar a Cannabis Medicinal é a dissociação da dor com o sofrimento. Escuto isso de muitos pacientes diferentes, que não leram a literatura a qual nós temos acesso! Eles contam exatamente o que está descrito nos livros: “a dor continua lá, mas, apesar da dor, dá para fazer as coisas, dá para conversar com as pessoas, dá para se alimentar.”
No caso deste paciente, a Distonia é tão forte que contrai o tronco e comprime o pulmão dele. A contração, somada à escoliose que ele já tinha, não o deixava respirar, necessitando de oxigênio. Com a Cannabis Medicinal ele também parou de avançar na quantidade de oxigênio que utiliza.
A mãe dele tem me enviado fotos dele dormindo, agradecendo. Sem dúvida, independente de protocolos, a qualidade de vida dele e da família tem melhorado enormemente.
É relevante mostrar casos como este, difíceis de encontrar na literatura, como a Distonia Muscular, para que a população consiga entender que, apesar da Cannabis Medicinal não ser uma panacéia, quando usada de modo compassivo, traz qualidade de vida a todos os envolvidos.
Afinal, ao amenizar os sintomas que ocorrem paralelos à doença, como a dificuldade respiratória e a diminuição da dor, por exemplo, a Cannabis Medicinal devolve ao paciente um sono de qualidade, energia suficiente para voltar a socializar, se alimentar e a tranquilidade aos familiares, por poderem proporcionar alguma melhora ao seu ente querido.
CBD Fast Lane: E o que é, afinal, a Distonia Muscular?
Dra Lia: As distonias estão no grupo dos distúrbios de movimento. Por exemplo, distonia cervical, bruxismo, são tipos de distúrbio de movimento, mas quando se inicia na infância são casos de difícil evolução, porque culminam num quadro de distonia generalizada.
Utilizando um produto somente com canabidiol já conseguimos todos estes avanços, e a CBD Fast Lane conseguiu vitória na judicialização para este paciente, que começou a receber este medicamento pelo plano de saúde.
Mas em casos como o dele também é aceitável tentar introduzir uma dose maior de THC , associada ao CBD, dentro da tolerância do organismo do paciente, para tentar melhorar o movimento, ao proporcionar um relaxamento muscular.
Sabemos que o CBD associado diminui os efeitos adversos do THC, que são encontrados normalmente no uso recreativo, e temidos por quem não tem essa informação. Também os terpenos e flavonóides presentes nos óleos Full Spectrum ajudam a conter os efeitos adversos do THC – é o que chamamos de “efeito comitiva” da Cannabis medicinal.
CBD Fast Lane: A sra. Também tem experiência no uso da Cannabis medicinal no tratamento de ansiedade e depressão, pode nos contar um pouco sobre isso?
Dra. Lia: no caso destes transtornos mentais, é interessante notar que o paciente vem cheio de medicamentos: para a ansiedade, para dormir, para a depressão. Quando introduzimos a Cannabis Medicinal ao tratamento, no intuito de diminuir aos poucos estes remédios, os pacientes “desmamam” muito rápido.
Eles ganham autonomia e, é consenso entre outros colegas que prescrevem, ganham também a energia necessária para o paciente buscar as mudanças de estilo de vida fundamentais para melhorarem, como, por exemplo, fazer um exercício físico semanal.
De alguma forma,com o uso da Cannabis Medicinal, ao se ver livre da dor e tudo que ela traz, “vira a chave” da proatividade, da iniciativa no próprio paciente – e é isso que qualquer pessoa precisa para trilhar a estrada do autoconhecimento e autocuidado.
Por isso eu sinto que o preconceito que ainda existe sobre o uso da Cannabis medicinal é temporário e não existirá nos próximos anos. Comparo ao uso da laparoscopia, por exemplo. Quando me formei, existiam profissionais mais conservadores, resistentes a esta tecnologia, que tiveram que se render a ela nos próximos anos.
Tenho certeza que a Cannabis Medicinal também vai mudar a medicina num futuro próximo.
Se você quer iniciar um tratamento com Cannabis Medicinal, fale com nosso Suporte para receber todas as orientações.
Ana Claudia Marques é redatora da CBD Fast Lane, escritora, Terapeuta Ocupacional, pós-graduada em Medicina Tradicional Chinesa e terapias integrativas, além de estudiosa sobre o potencial terapêutico das plantas.