A necessidade de substituir o plástico no Brasil e no mundo já passou da hora faz tempo.
Em 2019, a Rede WWF (antes conhecido como Fundo Mundial para a Natureza) lançou um estudo, atestando que o nosso país ocupa a quarta posição no ranking de nações que mais geram lixo plástico no mundo. Anualmente, são 11,3 milhões de toneladas produzidas por aqui, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia. Isso dá um quilo de lixo plástico por semana para cada cidadão brasileiro.
Para piorar a situação, apenas 1,28% desse índice é reciclado e o que não passa pelo tratamento é descartado de forma irregular. Os prejuízos dessas duas atitudes somadas podem chegar, por ano, segundo um estudo da Agência Brasil (EBC), a quase R$ 6 bilhões. É preciso pensar em uma alternativa.
Uma das principais possibilidades é o cânhamo. Derivado da Cannabis sativa, a substância possui uma alta concentração de fibras que possibilita o uso na produção de vários materiais, como tecidos, cordas e, principalmente o plástico. Ressalta-se que, por ser uma solução biodegradável, sacolas, canudos e embalagens não teriam mais tantos problemas, quando descartados irregularmente.
As vantagens são inúmeras. Muito promissor, o cânhamo possui um índice muito baixo de THC (Tetra-hidrocanabinol) que é o canabinoide responsável pelos efeitos psicoativos da planta e tem um crescimento rápido aliado a um custo baixíssimo de produção.
Quando o cânhamo é utilizado na fabricação, o plástico se torna muito mais seguro para as pessoas e para o meio ambiente, por se transformar em um item biodegradável e não-tóxico. Por ter um fácil retorno à natureza, esse bioplástico leva de três a seis meses para se degradar. Não é ideal para utensílios de longo prazo, mas para os de uso único é excelente.
A versatilidade também é algo que impressiona. A semente, o caule e a folha podem ser aproveitados para a produção de matérias-primas em diversos setores, como o alimentício, o da construção civil, o de cosmético e o de vestuário. O caule e as fibras da planta são utilizados para a fabricação do bioplástico.
Infelizmente, o preconceito ainda é um grande impeditivo para a legalização do cultivo dessa substância no Brasil. Ainda não se pensa na separação do cânhamo e da maconha, os dois são vistos da mesma forma e de maneira ilegal pelo governo brasileiro. Existe um Projeto de Lei (399/15) que tramita na Câmara dos Deputados e pede o cultivo do cânhamo e da Cannabis natural. Se passar para o Senado, o Projeto ainda precisará resistir aos ataques de políticos contrários para depois finalmente ser útil na substituição do plástico e diversos outros produtos no Brasil.